11.16.2006

* O caminho da independência


É inegável que está cada vez mais fácil gravar um disco. Justamente por isso, inúmeros lançamentos são jogados no mercado a cada dia. Como fazer para que sua gravação se destaque no meio de tantas outras? É claro que não existem regras. Mas alguns cuidados básicos podem fazer você economizar dinheiro e tempo, e te deixar nas mãos um produto mais bem acabado e com a qualidade que você queria.

A primeira etapa da gravação de um disco é a pré-produção. Ou seja, todo o tempo gasto antes de você entrar no estúdio. Defina quais músicas vão entrar, busque referências e ensaie, ensaie e ensaie. À exaustão e, de preferência, com um metrônomo. Escolha o melhor andamento para cada música e, se possível, já grave suas guias em casa mesmo, no seu computador. Lembre-se, também, de que às vezes é melhor um disco com oito, nove músicas bem gravadas e executadas do que um com 15, feito às pressas.

Com isso definido, escolha um estúdio. Pesquise preços, pergunte por equipamentos e tente escutar gravações já realizadas por lá. Converse com o engenheiro de som sobre o que você quer, e se é possível fazer com a grana que você tem disponível. Negocie, sempre.

Uma vez no estúdio, o taxímetro está rodando e o tempo é, literalmente, dinheiro. Leve discos de referência para que quem esteja gravando saiba que tipo de som você quer. Aqui todo equipamento é importante - desde seu instrumento, cabos, pedais, amplificadores e microfones. Se você não tem um bom instrumento, peça emprestado. Se acha que não vai conseguir fazer aquele solo, simplifique. Se a nota é muito alta pra você cantar, mude a melodia. Os softwares de edição ajudam, mas não fazem milagres. Tenha em mente que um som bem gravado desde o início só tende a melhorar, mas se a coisa começou mal, esqueça. É melhor começar de novo. Se você tem grana pra bancar um produtor, ótimo. Se não tem, sem problemas. Escute seus discos preferidos e tente perceber como eles fazem as coisas. Sempre dá pra aprender um pouquinho.

Depois de tudo gravado, vem a mixagem. Caso você não tenha um produtor, é melhor eleger uma pessoa da sua banda, no máximo duas, para cuidar da mixagem junto com o engenheiro de gravação. Muitas cabeças costumam confundir o processo e dificilmente consegue-se agradar a todos.

A mixagem está pronta. Então é hora da masterização. É ela que vai deixar seu disco com mais volume, coeso e com a cara profissional que você quer. Não pense que é frescura, a masterização é parte vital do processo.

Agora você já tem a master do seu disco nas mãos. Mas para prensá-lo ainda faltam algumas coisas. A primeira delas é a parte gráfica. A não ser que você realmente trabalhe na área, não se deixe levar pela tentação de fazer tudo sozinho só porque sabe mexer no Corel. Existem algumas especificações técnicas para a reprodução da parte gráfica que você provavelmente desconhece. Procure alguém da área ou se informe com a empresa que irá prensar seu disco.

Agora sim, está tudo pronto. Negativo. Para poder prensar um disco dentro da legalidade, você deve fazer parte de alguma das associações de compositores que existem no Brasil. Elas são afiliadas ao Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD), órgão que cuida da arrecadação dos direitos autorais. São as associações que fornecerão para cada música de seu disco o número do ISRC (International Standard Recording Code) - código padrão internacional que age como um identificador básico das gravações fonográficas. É ele que facilitará a identificação das suas músicas e o recolhimento dos seus direitos autorais. E é item obrigatório para a prensagem de qualquer disco.

Com o disco finalmente nas mãos, corra pro abraço. A guerra por um espaço ao sol continua, mas a primeira batalha você já venceu.

*Mauricio Peixoto - vocalista e guitarrista da banda Os Berbigão (fpolis-sc)
[coluna Radiola, no projeto da Revista Polifönica - fev/2005]

4 comments:

elis said...

tá massa isso aqui, hein?
parabéns mocinha da faixa branca! cada vez mais orgulho de ti, viu?
beijocas de chuva que não pára mais...

barbara said...

ainda que os meios sejam facilitados, os fins serão sempre mais seletivos...ou não, como diria "caê".

mas, gosto não se discute né?!
e que o blog da polifönica tá supimpa também não!

Anonymous said...

belo blog.

Gian rufatto said...

acho que esse texto deveria vir com um obs no fim, algo assim: "e por favor, façam algo novo, ou pelo menos faça algo parecer novo, de novo..."